Eu tenho, como
é possível perceber, uma paixão descomunal pelas palavras. Nunca fui um metido,
ou algo assim. Gosto de aprender palavras novas, gosto da etimologia, de
imaginar suas origens. Utilizo, sempre que posso as palavras que vou
conhecendo, nunca em conversas ou textos informais, não seria babaca a este
ponto. E, enfim, acabo tendo uma afinidade maior com algumas. Por exemplo:
numinoso. Amo esta palavra, pois, a mesma tenta explicar algo que, se não fosse
por ela, seria realmente indescritível. É algo pessoal, ao mesmo tempo em que
não é. Um momento numinoso é aquele em que conseguimos sentir o transcendental,
o sublime; é quando beijamos as mãos de Deus. Explica, assim, o inexplicável.
As coincidências, os arrebóis, os filhotes, a chuva no rosto, o elevador que
sobe pela garganta até transbordar em pranto de alegria... ou seja, o numinoso
traduz os orgasmos da alma.
terça-feira, 13 de maio de 2014
segunda-feira, 12 de maio de 2014
Simples
Talvez,
já seja uma ideia batida, perpetuada em canções belíssimas como aquela
interpretada com maestria pela eterna Mercedes Sosa. Com certeza é algo sabido
por todos. Mas, é impressionante o quanto esquecemos. Aqui me refiro à grandeza
e ao valor da simplicidade.
Mesmo
tendo em mente o peso do poder das coisas simples, o complexo, cada vez mais,
nos atrai. Não quero sair raivosamente apontando culpados, mas, o avanço e a
globalização são grandes causadores deste olvido do singelo.
No
Butão, país em que a primeira transmissão de TV, por exemplo, ocorreu só em
1998, estima-se que haja o maior nível de FIB (Felicidade Interna Bruta) do
mundo. As coisas são simples por lá. O rei trabalha em uma cabana de madeira. As
pessoas são mais felizes e não dependem de luxo algum para isso.
Não significa
que eu levante uma bandeira positivista e alienada. Reverenciar o simples não é
abominar ou temer o complexo, mas, agradecer à vida por cada sorriso que se apresenta
de forma espontânea. Sentir prazer em beber água após escovar os dentes. Sentir
o sol energizando a alma enquanto se come uma bergamota. Ganhar uma cuia de
presente no aniversário...
O grande
desafio é não esquecer de comemorar estes detalhes que parecem tão ínfimos,
mas, que são os verdadeiros ladrilhos da estrada para a felicidade. Porque,
como diz a música citada lá no começo, “às coisas simples devora o tempo”.
domingo, 11 de maio de 2014
Vida que Brota
Se
há moral na fábula desta existência tão crua deve se basear no seguinte: A mãe
é o ser que mais puramente se pode comparar à terra e sua grandeza. Falo, sim,
do planeta, mas, com letra minúscula por que quero ser mais específico. Mãe é o
calor da terra que germina a semente e nos auxilia a brotar altivos. Logo que
saímos de seu ventre só sabemos crescer rente ao mesmo, somos brotinhos medrosos.
Há aqueles que crescem rasteiros a vida inteira sem desgrudar de sua mão.
Então, começamos a desabrochar, crescer em direção ao sol. É como se esquecêssemos
da mãe e só quiséssemos seguir o pai – partindo da ideia de que pai é aquele
que cria, e não o que planta a semente. Mas, logo que a vida começar a nos
fazer perder as folhas, bater a cara, quem estará lá para amparar será sempre a
terra.
Talvez, seja
uma metáfora meio tosca. Entretanto, o que quero expressar é que toda a vida
brota de um ventre e precisa de um colo. Seja grato, pois sempre que as folhas
caírem, a geada queimar ou o sol castigar, ela te oferecerá conforto, de alguma
forma.
sexta-feira, 9 de maio de 2014
Dos Benefícios de Atentar ao Erro
A máxima do
“errar é humano” é mais do que uma justificativa, mas, um eficiente método para
a prevenção de atritos. Quantas vezes mudamos de ideia na vida? Só este simples
fato já representa a admissão de que estávamos errados. E se estivermos errados
neste exato momento? A partir do momento em que me compreendo como ser humano,
e aceito a máxima supracitada, devo ter em mente que por mais veemência que
tenha em minhas crenças, ideologias, eu posso estar iludido. Acho que isso tudo
resume de forma tácita o porquê de eu não escrever com tanta frequência, até o
momento. Se eu posso errar, antes de expressar minhas ideias devo refletir em
silêncio. Como um Zaratustra. Ou até como um Chance (Peter Sellers em Muito
Além do Jardim) que, apesar de não raciocinar com clareza, obtinha êxito apenas
por calar. Logo, resumindo, pra prevenir a prepotência, o atrito e a
humilhação, respectivamente, é de uma tremenda importância que calemos antes de
falar. Pois, se já é de conhecimento geral que errar é humano, não custa errar
em silêncio antes de expor qualquer ideia, não é mesmo?
sábado, 3 de maio de 2014
Alma Lavada
Eu gosto
quando chove. Já senti sede. Mais do que isso: gosto da chuva. A chuva tem
alma, nos faz olhar pra dentro. A voz da chuva sabe ninar até a insônia. Quem
nunca tomou um banho de chuva? Bênção pura! E o chimarrão frente ao choro da
vidraça, incita tanto a reflexão... Claro que ela encharca. Mas não causa
enchentes, a má organização da sociedade, sim. A chuva é como a vida. É cheia
de estragos. É cheia de matar sedes, de molhar por dentro. A vida é como a
chuva, por mais que nos seja possível conter alguns pingos com a concha da mão,
sempre acaba por escorrer entre os dedos. Então, abre a janela da alma e deixa
molhar.
sexta-feira, 2 de maio de 2014
Volar
Eu
preciso corresponder. Àqueles que querem me ver majestoso, em pleno vôo;
àqueles que me querem ver caído, de asas quebradas. O que eu, definitivamente,
não posso fazer é ficar parado na janela, observando os pássaros rasgarem a
imensidão dos céus. Preciso dos acordes, das reflexões chimarroneiras, das
palavras. Necessito, profundamente, estar escrevendo. Um artigo, um conto, um
poema, uma letra, uma crônica, uma frase; é meu dever libertá-los, quebrar a
cela da mente, para evitar uma possível ruptura por superlotação. Escrever,
lutar, cantar, amar, cuidar. É necessário ‘arrastar o toso’ com o comodismo. E
é por isso que hei de bater asas, por respeito àqueles que querem me ver
altivo, para corresponder aos que desejam minha queda, pois uma coisa é certa:
ambos anseiam por meu vôo.
quinta-feira, 1 de maio de 2014
Sol em Nós
O mundo é uma bolinha
engraçada. Resultado de um descuido de
uma estrela. Tudo aquilo que conhecemos, que podemos ver, pegar, ouvir, são
apenas ‘naquinhos’ de destroços do sol. Se dividirmos um pedaço de massinha de
modelar em mil novos pedaços teremos mil pedaços da mesma massinha. Do Bill
Gates ao Tiririca. De Beethoven ao Hélio dos Passos. Tudo é feito da mesma
estrela flamejante. Até a lua, com toda sua grandiosidade poética, não passa de
uma pedra que reflete o sol. E quanto a nós, enquanto seres pensantes, temos a
faculdade de escolher ser como a lua, pedrinhas que refletem qualquer coisa
vinda de fora, ou irradiar por conta própria, como é de nossa natureza. Então,
vai continuar reproduzindo a luz alheia, ou, absorvê-la e começar a pensar com
esse pedaço cinzento de sol que chama de cérebro?!
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